“Penso que a maior contribuição que o Canal Brasil pode dar na formação de novas gerações de profissionais é ser determinadamente uma trincheira da nossa cultura”, disse ao Site de Notícias da Escola de Cinema Darcy Ribeiro – ECDR, em entrevista exclusiva, o Sócio-diretor do Canal Brasil, também roteirista e compositor Paulo Mendonça. Além de ter sido membro do 1° Conselho Superior de Cinema da ANCINE – Agência Nacional de Cinema, compôs, na década de 70, músicas para o grupo Secos e Molhados, e trilhas sonoras para o longa Pra quem fica… tchau! , de Reginaldo Farias, de quem também foi assistente de direção. Em 1972, dirigiu e roteirizou o curta-metragem A Casa Tomada, adaptação do conto do escritor argentino Júlio Cortazar. Em 1982 escreveu o roteiro do filme Pra Frente, Brasil, de Roberto Farias. Paulo Mendonça é graduado em Administração de Empresas com especialização em Informática, e teve longa carreira no mercado financeiro. Foi Superintendente Geral da ANDIMA, de 1986 a 1994, onde atuou decisivamente na regulamentação, desenvolvimento e criação de mecanismos fundamentais para eficiência do mercado de renda fixa brasileiro, tendo sido o responsável pela concepção e criação do Certificado de Audiovisual, valor mobiliário determinante para a retomada do cinema brasileiro. Foi também chefe do Departamento de Sistemas da BVRJ – Bolsa de Valores do Rio de Janeiro e de 1999 a 2003 foi Superintendente Geral da CETIP- Central de Custódia e Liquidação de Títulos Privados, onde foi responsável pelo desenvolvimento do sistema de pagamentos brasileiro. Em fevereiro de 2004, assumiu a direção do Canal Brasil.
ECDR – A nomeação de Alexandre Cunha como novo diretor de programação do Canal Brasil o que representa na grade em 2018?
Paulo Mendonça – A nomeação do Alexandre é sobretudo o reconhecimento de sua excelência profissional e pelo seu compromisso e contribuição ao Canal Brasil, onde ele está desde sua implantação. Operacionalmente não implicará em nenhuma alteração substancial no exercício das suas atividades, hoje, já exercidas.
ECDR – Como o Canal Brasil tem apoiado e estimulado os novos realizadores do audiovisual brasileiro?
Paulo Mendonça – Uma parte significativa de cerca de 290 coproduções já realizadas pelo Canal Brasil, são de diretores de primeiro filme, além do estímulo, através de premiações e do protagonismo em sua grade de programação, ao curta-metragem, tradicional escala na carreira de jovens realizadores.
ECDR – Quantos títulos nacionais o canal exibiu em 2017?
Paulo Mendonça – No ano de 2017 o Canal Brasil exibiu um total de 147 diferentes filmes de ficção e documentários de longa-metragem e 101 curtas-metragens, além de shows, séries e programas.
ECDR – Quais são os principais desafios do Canal Brasil neste ano?
Paulo Mendonça – O ano de 2018 nos exigirá, atendida a preocupação com a programação de qualidade da transmissão linear, a redobrada atenção para a identidade do conteúdo do canal em sua presença nas redes digitais.
ECDR – Como o Canal interage com a formação dos novos profissionais do audiovisual brasileiro?
Paulo Mendonça – Penso que a maior contribuição que o canal pode dar na formação de novas gerações de profissionais é ser determinadamente uma trincheira da nossa cultura, propiciando através de sua grade de programação o acesso a tudo que foi feito, indiscriminadamente, no cinema brasileiro de todos os tempos.
ECDR – Qual o segmento do audiovisual que você considera que necessite de mais apoio?
Paulo Mendonça – A permanência e a simplificação das políticas hoje existentes de desenvolvimento da cadeia de atividades (todas ainda bastante frágeis) do setor, permitirá a centelha de uma indústria consistente num país vocacionado para o audiovisual.
ECDR – Como você avalia a contribuição do Canal Brasil para a difusão do cinema brasileiros?
Paulo Mendonça – A contribuição se dá não só em ser durante 20 anos uma janela do cinema brasileiro, como também uma vez consolidado ter se tornado um grande parceiro da produção independente nacional.
Entrevista concedida a Francis Ivanovich – Editor ECDR
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