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Darcy Ribeiro faria hoje 96 anos

Hoje é dia de lembrar do mineiro que deixou um grande legado para o Brasil e que dá nome à nossa escola: Darcy Ribeiro. Nesta sexta, ele faria 96 anos. Nascido em 1922, em Montes Claros, morreu em 1997, aos 74 anos, como intelectual consagrado pelo grande público. Autor diversificado, deixou vasta obra composta de monografias etnológicas, livros sobre o Brasil e América Latina, muitos artigos e quatro livros de ficção, que alcançaram a significativa marca de mais de 90 edições em diversas línguas, o que lhe rendeu a cadeira 11 da Academia Brasileira de Letras.

Nas Ciências Sociais, foi reconhecido como precursor da etnologia brasileira, sendo idealizador de importantes instituições de ensino e pesquisa no país. Foi também pioneiro em pesquisas etnológicas, baseadas em longos períodos de observação empírica, realizadas entre os anos 50 e 60. Da sua pesquisa resulta uma etnologia que inspirou grande soma de importantes trabalhos acadêmicos, como os estudos da Escola do Contato, de Roberto Cardoso de Oliveira. Foi professor de Antropologia na Escola de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e de Etnografia Brasileira e Língua Tupi na Faculdade Nacional de Filosofia.

Em 1953, organizou e passou a dirigir o Museu do Índio. Colaborou com a fundação do Parque Indígena do Xingu (antigo Parque Nacional Indígena do Xingu), localizado no norte do atual Estado do Mato Grosso. Escreveu vários trabalhos em defesa da causa indígena. Em 1955, organizou o primeiro curso de Antropologia na Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Militante indigenista dos mais combativos, Darcy Ribeiro fez parte da luta dos antropólogos brasileiros pela defesa dos direitos dos povos indígenas e sua representação no processo de formação nacional. Seu livro Os índios e a Civilização é referência base para o pensamento social brasileiro, ao lado de clássicos consagrados como Casa Grande & Senzala e Raízes do Brasil.

Coordenou a Divisão de Estudos e Pesquisas Sociais do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (1957) e tornou-se responsável pelo setor de Pesquisas Sociais da Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (1958). No governo do presidente Jânio Quadros, em 1961, foi nomeado Ministro da Educação. No governo de João Goulart, foi Chefe da Casa Civil, onde elaborou as reformas de base. Em 1964, teve seus direitos políticos cassados e foi exilado no Chile e no Peru.

Tornou-se representante de um dos poucos exemplos de antropólogos, conhecidos também fora da disciplina. Isto não apenas pela repercussão de seus escritos, mas também, e sobretudo, pelas atividades de diversos matizes exercidas por ele no Brasil e no exterior (principalmente durante os anos em que esteve exilado), o que acabou por projetá-lo internacionalmente.

Retornando ao Brasil em 1976, voltou a dedicar-se à educação e à política. Durante o governo de Leonel Brizola, implantou os Centros Integrados de Ensino Público (CIEPs), no Rio de Janeiro, e idealizou a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), em Campos dos Goytacases, que hoje também leva seu nome. Entre 1983 e 1987, foi vice-governador do Rio de Janeiro. Criou a Biblioteca Pública Estadual, a Casa França-Brasil, a Casa Laura Alvin, o Centro Infantil de Cultura de Ipanema, e o Sambódromo, no qual instalou 200 salas de aula para fazê-lo funcionar também como uma enorme escola primária. Elegeu-se senador da República, função que exerceu defendendo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Publicou pelo Senado a revista Carta, na qual os principais problemas do país e do mundo eram analisados e discutidos.

Contam também entre suas façanhas ter contribuído para o tombamento de 98 quilômetros de praias, encostas e milhares de casas do Rio antigo. Colaborou na criação do Memorial da América Latina, edificado em São Paulo com projeto de Oscar Niemeyer. Gravou um disco na série mexicana Vozes da América e recebeu os títulos de Doutor Honoris Causa da Sorbonne e das Universidades de Montevidéu, Copenhague e Venezuela Central.

Seu último trabalho foi o livro O Povo Brasileiro – a Formação e o Sentido do Brasil, de 1995. Nele, reúne um conjunto de pesquisas que culminam em uma teoria do Brasil, resultante de sua preocupação em entender os caminhos pelos quais, nós brasileiros, passamos e que nos levaram a distâncias sociais tão profundas no processo de formação nacional.

 


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