A Mostra Caixote ocorreu no dia 08 de dezembro, sábado, das 17 às 22h na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Aconteceram apresentações
de Maria Alice Poppe e Tato Taborda, Gabriela Cordovez e Lidia Laranjeira.
Programação
Maria Alice Poppe e Tato Taborda // COLABORAÇÃO ou Variações sobre um Tema
Pausa na emissão. Em 1952, em uma peça do compositor norte-americano John Cage, o pianista David Tudor senta-se diante de um piano de concerto durante 4’33” sem emitir nenhum som. Na pausa do pianista virtuoso, sujeito de quem espera-se emissão contínua e autorizada, o som do mundo emergiu em toda sua potência. Ouviu-se então, ali naquela sala, o que só escutamos quando calamos nossa própria voz: a voz do mundo. Em Agosto de 2015, quando paralizações nas universidades públicas aconteceram como reação à forças violentas de contenção da liberdade do corpo e do espírito, Tato Taborda e Maria Alice Poppe, ambos professores em instituições públicas de ensino, propõem uma experimentação da pausa dos sujeitos autorizados ao discurso, os professores, como forma de escutar a reverberação do mundo, daquele mundo, em suas tantas vozes. Como se posicionar diante de tal polifonia? Como liberar a potência atômica do corpo/espírito em estado de escuta? De que modo deixar que esse estado de disponibilidade ao que está fora provoque a proliferação da latência desses corpos e das forças que os atravessam e deles irradiam? Impulsionada por essas questōes e com esse cenário como pano de fundo nasce a peça Colaboração ou 16 variaçōes sobre um tema, uma conversa entre dança e música. A peça é mais um estágio da pesquisa Pensamentos Cruzados, em que Tato e Alice têm investigado nos últimos 10 anos, ao longo de diferentes colaborações, as fronteiras porosas entre som e movimento, entre a música e a dança.
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Dora Selva // de quando as águas cresceram por sobre o ventre da terra
Dança da água e do mangue. Processo de transmutação do corpo em movimento, regido pela força matriz espiral e circular. Solidão compartilhada, energia cíclica e repetitiva, serpente infinita que transforma a própria matéria e tudo que nela habita. Exercício meditativo, estado de abertura e sensitividade. Um trabalho pré histórico que evoca e resgata forças ancestrais e atemporais, presentes em toda forma de vida.
Trabalho apoiado pelo Centro Coreográfico do Rio de Janeiro, pelo programa de residências artísticas de 2017/18.
Dança e criação – Dora Selva
Assistência energética – Pablo Meijueiro
Apoio durante a criação – Clara Ramos, Thiago de Souza, Gabriela Cordovez, Gleide Cambria
Assistência de movimento – Luana Bezerra
Iluminação – Arsenal da Luz
Figurino – Julia Poly
Produção – Dora Selva e Pablo Meijueiro
Fotos – Helena Cooper
Vídeo – Jefferson Vasconcelos
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Gabriela Cordovez // Vibratil
Atreverse a convivir implica aceptar no saber realmente quién es el otro. Animal, humano vegetal o cosa, escapan a mi saber o comprensión. Y sin embargo es un hecho que estamos expuestos los unos a los otros, puestos fuera de sí, inclinados al encuentro con aquello que apenas podemos pre-suponer.
Héctor Montenserín – El borde silencioso de las cosas
Vibrátil. Vibrador. Lateralidade. Relação. Algumas possibilidades de existência e convivência. Convite para compartilhar uma experiência. Um fio que vibra entre você e eu. Matérias que estão se movendo e sendo movidas umas pelas outras. Indefinição. Situação que entra em colapso, transforma, está em fluxo a cada instante. Tempo.
Como podemos coexistir e conviver com a diferença, existindo como corpo e matéria que sofre, sem um sentido negativo, da exposição e abertura ao outro? Vibratil é um convite, uma convocação para o convívio. Uma proposta para existirmos juntos, sermos co-responsáveis por algo que acontece, vibra, entre nós. Uma investigação de possíveis relações ou conexões que podem ser travadas entre corpos, sejam eles humanos ou não. A impermeabilidade entre as matérias, a vibração por simpatia, a possibilidade de um corpo empático e interessado pelo outro e a alteridade são assuntos nesse solo, que nunca é solitário.
As coisas não têm paz.
Criação, concepção e performance: Gabriela Cordovez
Concepção de luz: João Rios
Concepção musical: Iuri Brito
Registro Audiovisual: Helena Cooper e Victor Vidigal
Apoio / Residências: Rampa, Local de Criação (Rio de Janeiro, RJ), Centro Coreográfico do Rio de
Janeiro (Rio de Janeiro, Brasil), Taller Casarrodante (Montevidéu, Uruguai)
Colaboradores: Barbara Tavares, Camilla Oliveira, Cecilia Lussheimer, Dora Selva, Icaro Gaia, João Victor Cavalcante Lucia Russo, Luana Bezerra ,Manuela Libman, Mariana Durán, Pedro Pessanha, Vidi Descaves.
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Lidia Laranjeira // Brinquedos para Esquecer ou Práticas de levante
Solo de dança work in progress que não se pode dançar só, a performance é um convite para diferentes gestos de participação entre artista e público. Trata-se de um tríptico de partes que não estabelecem relações óbvias entre si. Cada fragmento é visto como uma espécie de levante contra a brutalidade das forças totalitárias (o capitalismo neoliberal, o patriarcado, a heteronormatividade) que insistem em capturar, invisibilizar e esgotar a potência de formas de vidas não-hegemônicas e minoritárias.
Concepção, direção e performance:
Lidia Larangeira
Dramatrugia:
Sérgio Andrade
Um tríptico de partes que não estabelecem relações óbvias entre si. Cada fragmento é visto como uma espécie de levante contra a brutalidade de forças do real que insistem em capturar, invisibilizar e esgotar a potência das vidas minoritárias. Utilizando gestos, palavras, roupas oferecidas pelo público, brinquedos e o corpo de mulher nu, a performance atravessa intensidades e materialidades, narrativas e ficções que insistem em ser apagadas, mas que precisam sempre ser lembradas.
O evento tem Fotos de Renato Mangolin, Arte Gráfica: Alan Ferreira, Produção de Nathalia Fajardo e Laura Samy, Concepção de Laura Samy
e Apoio de Irene Ferraz, Ziza Dourado e Escola de Cinema Darcy Ribeiro.